Tornou-se uma constatação banal a de que vivemos num mundo global - " global village". De facto, as novas tecnologias da informação e comunicação quebraram as barreiras entre os países e aproximaram os povos. Esta realidade é já uma evidência. Agora, o que é curioso é a repercussão que os referidos meios estão a registar a nível político. A campanha para as primárias nos EUA é um exemplo elucidativo.
Com efeito, em tempos pretéritos, os candidatos às presidenciais eram lançados nos talk - shows mais mediáticos, como o Larry King ou o Late show with David Leterman. Assim, os candidatos começavam a conquistar popularidade, criavam expectativas e, concomitantemente, iam arrecadando fundos financeiros para as respectivas campanhas.
Neste contexto, o contacto directo com os eleitores sucedia apenas esporadicamente, designadamente aquando das deslocações dos candidatos aos diversos estados. Verificava-se, pois, um significativo gap entre os eleitores e os potenciais eleitos. Não é assim nos tempos que correm - a internet veio permitir uma interacção mais imediata com os candidatos (ou, pelo menos, criar essa ilusão) e modificar o discurso político.
Abordo esta questão no seguimento das declarações de Mark Zuckerberg (CEO do Facebook) proferidas na entrevista que concedeu à CBS. Segundo o criador da rede social que ameaça fazer frente ao Google, as eleições têm sido acerrimamente discutidas entre os seus utilizadores.
Este facto corrobora a percepção geral de que os jovens estão a mobilizar-se em grande número e a ser um elemento bastante activo nas presentes eleições. Prova, ainda, a eficácia da internet para exponenciar a capacidade dos políticos para comunicar com as massas.
Ademais, se analisarmos o debate sobre as presidenciais que tem sido travado no Facebook, inferiremos que há uma clara predominância de apoiantes democratas em relação aos republicanos. Compreende-se: o partido democrata é mais heterogéneo e concita o apoio da maioria dos jovens.
Por último, note-se ainda que Barack Obama é o candidato predilecto dos que visitam o Facebook. Mais uma vez, esta dado não surpreende: os americanos em geral e os jovens em particular anseiam pela mudança, por um candidato irreverente no sentido de ser capaz de estabelecer a ruptura com o status quo, por um candidato que devolva a esperança. Esse candidato é Obama.
Um comentário:
Caro João,
Desde já te deixo os meus parabéns pela iniciativa de criar e manter este blog, do qual tenho sido um leitor assíduo.
E como leitor assíduo não devo deixar passar duas pequenas notas:
1. O Facebook é "apenas" uma rede social. Partindo deste princípio não será um projecto de TI que faça frente ao Google que é, além de motor de busca e de rede social (GTalks, groups, Orkut, etc.), uma colecção de aplicações web. São contextos diferentes e, as actividades dos dois projectos, apesar de se intersectarem em alguns pontos não têm o mesmo propósito. Quero portanto dizer que o Facebook não faz frente ao Google, nos termos de rede social; fá-lo-á, porventura, no que toca ao marketing... mas mesmo assim, duvido! ;)
2. Esta história dos "MySpaces", "Facebooks", "Hi5s", "Orkuts", etc., é um caso de estudo muito interessante - eu ponho-o no topo dos meus interesses, sobretudo porque se trata da minha área de estudo - e que, como implicitamente mencionas no teu artigo, reflecte muito da vida social neste "ainda início" de século. Contudo, de momento não se pode tirar conclusões tão óbvias (e ainda bem!), causa, claro está, da informação por vezes irrelevante - uma espécie de "ruído" - constante nas bases de dados dessas redes sociais, como é o caso de profiles fictícios, apoiantes que não votam e que enchem os grupos de apoio aos candidatos, etc. (faz-me lembrar, aquando das eleições norte americanas de 2004, em que houve um cartoon em que apresentavam um mapa-mundi repleto de países com votos no Kerry, à excepção do Kuwait e da Arábia Saudita, com votos a azul, no Bush, e com a distribuição real nos estados Norte Americanos)!
Um forte abraço e, mais uma vez, parabéns!
Hugo Tavares.
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