A política actual pauta-se pela existência de numerosas fórmulas abstractas, de teorias eleitorais, de cálculos, números e mais números.
Assim, os políticos contemporâneos aderiram entusiasticamente e (quase) acriticamente a esta moda do cientismo, dos comportamentos explicados pelo raciocínio lógico – sem espaço para aquilo que distingue, afinal, o ser humano: a imprevisibilidade.
Rudy Giuliani partiu para as eleições primárias republicanas como o mais plausível vencedor, apenas com a concorrência de McCain. De facto, a credibilidade e o capital de confiança político que obteve pela sua actuação como mayor de Nova Iorque, concatenando com o facto de assumir posições mais moderados em temas como a homossexualidade ou o aborto face aquilo que é o padrão tradicional do GOP, posicionaram-no como o mais apto para disputar a presidência dos EUA com o candidato democrata. Assim era.
Hoje, o cenário é diferente. Giuliani confiou na teoria segundo a qual o que importa é ganhar nos estados mais populosos, pois aí é que se elegem mais delegados. Logo, qual o interesse dos estados como Iowa ou Michigan? Nenhuma, segundo aquele candidato.
Creio que este é um tremendo equívoco.
Em política, mormente num processo dinâmico como as primárias norte – americanas, não há dados consumados nem fenómenos explicados exclusivamente à luz da matemática. É certo que Giuliani concentrou meios e esforços com vista à designada “ Super terça – feira”. É certo que em alguns estados a sua putativa base de apoio é maioritária. Porém, esqueceu-se de dois aspectos.
Em primeiro lugar, que numa campanha eleitoral o elemento simbólico pode vir a ser determinante. Ora, uma campanha como a de Giuliani assente no mínimo possível e no estritamente necessário para vencer, denota uma falta de ambição e de conformismo que dissuade o eleitorado republicano. Ao invés, uma campanha nos moldes da de McCain, que muitos profetizaram estar condenada ao fracasso e que abruptamente recupera e afirma-se, galvaniza e entusiasma. Imprime confiança.
Em segundo lugar, Giuliani ao descurar os actos eleitorais que se realizaram até ao momento, está a ceder espaço mediático aos seus adversários, nomeadamente a Mitt Romney e McCain. Este factor é decisivo – pense-se na influência das televisões numa sociedade fortemente mediatizada como a norte – americana.
Consequentemente, vimos nos últimos dias, Giuliani a conceder diversas entrevistas e a emitir inúmeras declarações não a explicar as suas ideias políticas, o seu projecto para os EUA – mas sim a (tentar!) clarificar e justificar a estratégia da sua campanha. Ora, esta é uma imagem que desgasta e mina qualquer veleidade de vitória…
Em suma, creio que Giuliani errou na avaliação e definição da sua acção política. Agora, terá que remar contra uma maré que lhe é cada vez mais desfavorável…
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
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