quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Mick Huckabee - o grande vencedor

Esta noite revelou-se fascinante para uns e um estrondoso desastre para outros. Começo por analisar o resultado do candidato que considero ter sido o grande vencedor do Iowa Caucus - Mick Huckabee. Quem é Mick Huckabee? - é compreensível que se interroguem: o candidato em causa era, até há bem pouco tempo, um figura de plano secundário no seio do Partido Republicano. Recorde-se que as atenções estiveram concentradas durante muito tempo nos dois então mais prováveis vencedores da disputa eleitoral republicana: Rudolph Giuliani e John MaCain.
Ora, regressando ao Governador do Arkansas, há que reconhecer o seu mérito na definição de uma estratégia política que mais vai ao encontro das expectativas e aspirações do eleitorado do GOP, o qual é constituído essencialmente por conservadores e liberais. Neste sentido, Mick Huckabee fez aquilo que seria o mais lógico e eleitoralmente eficaz - envergar com vigor a bandeira dos valores e apelar a Deus, obtendo o apoio (fundamental) dos cristãos evangélicos. O sucesso desta estratégia aumentou consideravelmente ao longo da campanha, à medida que sucediam os erros clamorosos cometidos pelos seus adversários. Senão, repare:
  1. Rudolph Giuliani apresentou-se, sem rodeios ou tergiversações, como um republicano atípico - filho de imigrantes italianos (o tio esteve ligado à máfia), preconiza a legalização do aborto, cometeu adultério repetidamente e defendeu os direitos dos homossexuais, escandalizando os evangélicos - um presente para Huckabee, que proclamando o seu passado como pastor baptista, conquistou o apoio do grupo de apoio mais significativo do Partido Republicano;
  2. o multimilionário Mitt Romney (porventura o que mais apostou na vitória no Iowa) caiu infantilmente na cilada do candidato do Arkansas: Romney, enquanto governador de Massachussets, assumiu posições mais progressitas, como a legalização do aborto e o reconhecimento dos direitos dos homossexuais. Ora, na campanha para o Iowa Caucus, pressionado por Huckabee, ficou incomodado, começou a ver a derrota iminente e perdeu a lucidez política que ainda lhe restava. Os seus discursos passaram a versar sobre o seu amor incomparável e inigualável a Deus(!), deixando as suas palavras transparecer um artificialismo constrangedor (talvez patético!) - deixando o caminho livre para Huckabee ganhar. E ganhou.

Não se infira, no entanto, que ocorreu uma inversão total do cenário mais provável a nível nacional - a vitória de Giuliani. Ainda estamos numa fase muito precoce para fazer tal afirmação. Recorde-se que o Iowa Caucus , sendo importante, não é decisiva. Pense-se, por exemplo, em Ronald Reagan ou Bill Clinton - a derrota em Iowa não os impediu de alcançarem a vitória a nível nacional.

Voltaremos à figura e ao discurso de Huckbee numa próxima oportunidade. Afinal de contas, estamos apenas a começar...

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