Os partidos políticos precisam de uma referência que lhes sirva de elemento matricial para a sua caracterização ideológica e inspiração para a actividade política. E o Partido Republicano tem – na na figura histórica de Ronald Reagan.
Considero inegável a influência e o papel determinante do actor californiano convertido em Presidente para a afirmação dos EUA no contexto do mundo bipolar resultante da designada Guerra Fria, bem como para a recuperação da moral americana e respectiva economia.
Com efeito, Reagan surgiu numa conjuntura particularmente favorável à execução da sua política, com a assunção da “ revolução conservadora, de que é, juntamente com Margaret Thatcher, principal protagonista. No campo da defesa, impulsionou o conhecido programa Guerra das Estrelas, destinado a acentuar a supremacia militar norte – americana face ao armamento soviético e manter o equilíbrio pelo terror. Já no âmbito económico, promoveu a reagonomics, programa de recuperação económica que consistia, fundamentalmente, na redução dos impostos e um ênfase cada vez mais vincado na iniciativa privada.
Numa segunda fase, a sua política de desanuviamento, coincidindo com a chegada de Kruschev ao Kremlin, teve repercussões extremamente importantes para a definição de uma nova ordem geopolítica, com o subsequente desmembramento da União Soviética.
Dito isto, e não obstante o seu papel fulcral, penso que Reagan é sobrevalorizado no GOP. É censurável que os candidatos republicanos citem amiúde o seu melhor presidente das últimas décadas? Com certeza que não. Contudo, a sistemática evocação de Reagan revela – nos o estado actual do Partido Republicano.
De facto, se atentarmos no último debate promovido pela FOX NEWS na Carolina do Sul, os candidatos republicanos dedicaram um parte considerável do mesmo a tentar provar quem era mais ou menos reaganiano. O caminho deveria (teria de) ser outro – discutir as questões relevantes para todos os americanos, com o objectivo de ir cativando progressivamente mais eleitores, sobretudo independentes. Não nos esqueçamos que os Republicanos partem em desvantagem em relação aos democratas, fruto do legado da Administração Bush. O debate deveria, pois, ser mais vocacionado para o exterior – e não tanto para as hostes do GOP.
Se prosseguirem no mesmo caminho, o partido Republicano só revela (ou confirma) uma realidade – a vacuidade de ideias e a incapacidade actual de gerar lideranças dinâmicas e carismáticas.
A questão essencial que todos os republicanos deveriam fazer seria: por que foi e é tão importante Ronald Reagan para o nosso partido? Resposta a que facilmente chegariam: porque soube revitalizar o partido, delinear as suas prioridades, marcar a ruptura com as presidências republicanas precedentes quer de Hoover, quer de Eisenhower, quer de Nixon. E usar o seu carisma para persuadir os americanos a aderirem ao seu projecto político, a terem esperança no futuro.
Era de um candidato assim que o Partido Republicano precisava – que citasse Reagan menos e o seguisse mais na acção política. Atendendo aos actuais candidatos, devo reconhecer que o cenário não é muito auspicioso…
Em suma, o GOP parece um partido órfão de um líder carismático e galvanizador. Entretanto, continua a afogar as suas mágoas citando Reagan… Até quando?
Considero inegável a influência e o papel determinante do actor californiano convertido em Presidente para a afirmação dos EUA no contexto do mundo bipolar resultante da designada Guerra Fria, bem como para a recuperação da moral americana e respectiva economia.
Com efeito, Reagan surgiu numa conjuntura particularmente favorável à execução da sua política, com a assunção da “ revolução conservadora, de que é, juntamente com Margaret Thatcher, principal protagonista. No campo da defesa, impulsionou o conhecido programa Guerra das Estrelas, destinado a acentuar a supremacia militar norte – americana face ao armamento soviético e manter o equilíbrio pelo terror. Já no âmbito económico, promoveu a reagonomics, programa de recuperação económica que consistia, fundamentalmente, na redução dos impostos e um ênfase cada vez mais vincado na iniciativa privada.
Numa segunda fase, a sua política de desanuviamento, coincidindo com a chegada de Kruschev ao Kremlin, teve repercussões extremamente importantes para a definição de uma nova ordem geopolítica, com o subsequente desmembramento da União Soviética.
Dito isto, e não obstante o seu papel fulcral, penso que Reagan é sobrevalorizado no GOP. É censurável que os candidatos republicanos citem amiúde o seu melhor presidente das últimas décadas? Com certeza que não. Contudo, a sistemática evocação de Reagan revela – nos o estado actual do Partido Republicano.
De facto, se atentarmos no último debate promovido pela FOX NEWS na Carolina do Sul, os candidatos republicanos dedicaram um parte considerável do mesmo a tentar provar quem era mais ou menos reaganiano. O caminho deveria (teria de) ser outro – discutir as questões relevantes para todos os americanos, com o objectivo de ir cativando progressivamente mais eleitores, sobretudo independentes. Não nos esqueçamos que os Republicanos partem em desvantagem em relação aos democratas, fruto do legado da Administração Bush. O debate deveria, pois, ser mais vocacionado para o exterior – e não tanto para as hostes do GOP.
Se prosseguirem no mesmo caminho, o partido Republicano só revela (ou confirma) uma realidade – a vacuidade de ideias e a incapacidade actual de gerar lideranças dinâmicas e carismáticas.
A questão essencial que todos os republicanos deveriam fazer seria: por que foi e é tão importante Ronald Reagan para o nosso partido? Resposta a que facilmente chegariam: porque soube revitalizar o partido, delinear as suas prioridades, marcar a ruptura com as presidências republicanas precedentes quer de Hoover, quer de Eisenhower, quer de Nixon. E usar o seu carisma para persuadir os americanos a aderirem ao seu projecto político, a terem esperança no futuro.
Era de um candidato assim que o Partido Republicano precisava – que citasse Reagan menos e o seguisse mais na acção política. Atendendo aos actuais candidatos, devo reconhecer que o cenário não é muito auspicioso…
Em suma, o GOP parece um partido órfão de um líder carismático e galvanizador. Entretanto, continua a afogar as suas mágoas citando Reagan… Até quando?
2 comentários:
A maior dificuldade circundante aos Republicanos nestas eleições é o legado de duas sucessões seguidas na Casa Branca de Bush. O clima de incerteza que paira o partido concretiza-se de facto na relutância por mudanças políticas, quer internas, quer externas. Pelo menos é o que demonstra as suas principais apostas: Mitt Romney, McCain, Huckabee e Giuliani. Faltam-lhes audácia, coragem e inovação; ao invés disso, permanecem em uma postura conservadora, prontos a defenderem a administração atual. Como já sublinhaste, e bem: “Os Republicanos dão a ideia de ser mais do mesmo, de continuidade da actual política. E isso os americanos não querem”. São, sim, um partido órfão, que por não conseguirem propostas para o futuro só lhes resta viver do passado.
Vale a pena dar uma olhada neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=pesbcAei6p8
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